domingo, 3 de fevereiro de 2013

O Conto de Fadas Da Vida Real Ou O Dia Em que Você Percebe Que Ninguém Pagou O INSS Dos 7 Anões


  O amor é um acontecimento tão simples como complexo, não por menos uma eterna contradição. Gosto da ideia de que ele seja algo fasciculado, sistematizado. Na verdade me daria tranquilamente com a forma como se namorava á cem anos atrás, onde se cortejava, onde existia um móvel chamado de namoradeira. Hoje em dia sequer essas palavras são usadas. Tudo está sempre mudando e muda tão rápido. Amor palavra tão pequena, mas que carrega embutida tantas implicações que são esquecidas, perdidas no imediatismo repentino de um simples “eu te amo” dito assim meio ao vento. Acho bacana, interessante, necessária e memorável essa fase mi mi mi, das mensagens de telefone, das cartas, do arrastar cadeiras, de se abrir portas, das flores, das idas a loja de esportes para comprar a camisa do time de coração do pai da moça. E fase também dos chocolates, há quem diga que dar chocolates é uma boa, mas aparentemente essa questão é bastante delicada, porque envolve alta carga calórica, uma sociedade com predisposição a diabetes e o estranho medo de que alguém esteja gostando de você, então não pretendo discutir esse tabu.
  Tudo isso é muito bonito, essa fase romântica sempre foi reverenciada e retratada pela humanidade em peças de teatro, comédias do Adam Sandler ou em contos de fada. O que eu não entendo é que na maioria das vezes as histórias terminam aí, no “viveram felizes para sempre”, quando na verdade, depois dessa célebre frase tem historia para mais dois livros no mínimo, de repente uma trilogia mais longa que o Senhor dos Anéis. Depois de casados, compromisso firmado, contas para pagar, filhos correndo pela casa, dias difíceis no trabalho, uma nova fase para se cuidar do outro, para ver suas verdadeiras implicações, aí que acredito que está a essência do verdadeiro amor. Fico me perguntando como a Branca de Neve se saiu no dia-a-dia com o Príncipe. Se ele ao chegar em casa ajudava a esposa com as crianças, se ele insistiu para que ela fizesse uma carreira profissional, como eles fizeram para segurar a barra quando começaram a ter que pagar o INSS dos sete anões, se ele fez questão de arranjar uma babá para as crianças, se ele aceitou perder um sábado com os amigos para ela ir passear no castelo da Rapunzel, se ele soube ser paciente e compreensível com as crises de TPM da Branca de Neve. Se eles se consolaram quando perderam pessoas que gostavam. Será que a Branca de Neve e o Príncipe criaram seus filhos e envelheceram juntos e felizes?
  Nada tem a obrigação de durar para sempre, a vida não vai parecer um eterno parque de diversões e os contos de fada nunca irão conter uma parte da história que incluem advogados e processo de separação de bens. Mas as pessoas não procuram outras apenas pelo simples prazer de uma caminhada de mãos dadas, um beijo, um status no facebook e um pouco de aceitação da avó quando perguntar pela sua namorada. Ou ao menos não deveriam.  As pessoas buscam alguém para dividir um pedaço de vida, para compartilhar o melhor e o pior delas, para crescerem, para não estarem sós e ainda assim muito bem acompanhadas. Quem sabe um dia as histórias continuem depois do viveram felizes para sempre. Quer haja castelos, príncipes e maçãs envenenadas. E sem chocolates, acho.
E só para constar, não tenho a mínima ideia se a Branca de Neve fica com um príncipe ou com um caçador, minha infância não foi a tanto e eu não quis pesquisar no Google. 

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